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quarta-feira, 16 de junho de 2010

O Parasita



Tudo aconteceu de repente. Eu estava sozinha, no escuro e com pena de mim mesma, sei que pena é um sentimento repugnante, pois cada um faz suas decisões e escolhas, mas infelizmente eu estava digna de pena. Se pudesse olhar para mim mesma choraria de desgosto, mas há dias não tenho coragem de me olhar no espelho, pelo menos desde que essa coisa vem crescendo dentro de mim.

Agora são exatamente 22:30, faz três horas que ele foi embora, o parasita se mexeu, talvez tenha sentido a ausência dele, não o culpo por isso, eu também sinto. Falta do cheiro, do calor de sua pele, da sua voz, e mais ainda do seu jeito incorrigível. Nunca imaginei estar passando por isso, estar me prestando a esse papel, na verdade imaginei mas não agora ou pelo menos não sem ele.Não entendo como ele pode fazer isso, fugir assim e me deixar ou então digamos deixar a coisa, a coisa que acabou com a minha vida, a vida que era ele...
O medo me atormentou de modo que fiquei enjoada, pensei em vomitar na esperança de que o parasita sumisse, mas sabia que estava em uma condição irreversível, e que daqui a um mês viveria um pesadelo. A coisa se mexeu, corei, parecia que estava se defendendo, pois se mexia com ferocidade.
Uma vontade que tinha era gritar mas não tinha forças pra isso, então de repente um som familiar me levou a respiração, corri com dificuldade pois a coisa estava cada vez mais pesada, quando cheguei a porta vi, ele teria voltado e estava exatamente como o vi da primeira vez. Voltou de vez será? Ou não?
O parasita me cutucou novamente.

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