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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

"Eu estava perfeita - não curada, mas como se nunca tivesse havido ferida"


Fechei meus olhos ainda mais apertados. Pelo visto eu ainda estava sonhando, e parecia anormalmente real. Estava tão perto de acordar... A qualquer segundo, e ele iria embora, mas percebi que parecia real demais, real demais pra ser bom pra mim. Os braços que imaginei me envolvendo eram substanciais demais. Pisquei duas vezes, tentando com desespero me lembrar da ultima coisa que tinha certeza que era real.

- Você não esta dormindo e não esta morta, eu estou aqui e amo você. Fiquei pensando em você, vendo seu rosto em minha mente, durante cada segundo que me ausentei, quando disse que não a queria, foi o tipo mais atroz de blasfêmia.

Sacudi a cabeça enquanto as lagrimas caiam pelo canto dos meus olhos.

Vou provar que esta acordada – prometeu ele.

Ele pegou meu rosto com firmeza entre as mãos de ferro, ignorando meu esforço quando tentei desviar a cabeça.

- Não, por favor – sussurrei.

Ele parou os lábios um centímetro dos meus.

- Porque não? – perguntou. O hálito soprou em meu rosto, fazendo minha cabeça girar.

- Quando eu acordar... – ele abriu a boca pra protestar, então me corrigi. – Tudo bem esqueça isso... Quando você partir de novo, já será bem difícil sem isso.

Ele se afastou um pouco pra ver meu rosto.

- Ontem, quando eu ia tocar você, você estava tão... Hesitante cautelosa, e, no entanto ainda esta assim agora. Eu preciso saber por que. É porque cheguei tarde demais? Porque a magoei muito? Porque você deixou mesmo tudo pra trás, como dei a entender que fizesse? Isso seria... Muito justo. Não vou contestar sua decisão. Então não tente poupar meus sentimentos, por favor... Só me diga agora se você ainda pode me amar ou não, depois de tudo que a fiz passar. Pode? – sussurrou ele.

- Que tipo de pergunta idiota é essa?

- Só responda. Por favor.

Eu o fitei sombriamente por um longo tempo.

- O que sinto por você jamais vai mudar. É claro que eu amo você... E não há nada que você possa fazer com relação a isso!

- Era tudo que precisava ouvir.

Depois disso, sua boca estava na minha, e não pude lutar contra ele. Não porque ele fosse muitos milhares de vezes mais forte que eu, mas porque minha vontade virou pó no momento em que nossos lábios se encontraram. O beijo não era tão cauteloso quanto os outros de que me lembrava, que me pareceu ótimo. Se ia me dilacerar depois, podia muito bem ganhar o maximo possível em troca.

- A propósito – disse ele num tom despreocupado. – não vou deixar você.

- Não me prometa nada – sussurrei. Se eu me permitisse ter esperanças e nada acontecesse... isso me mataria.

A raiva brilhou como metal em seus olhos escuros.

- Acha que eu estou mentindo pra você agora?

_ Não, não esta mentindo. – sacudi a cabeça, tentando pensar em tudo com coerência. – você pode estar sendo sincero... agora. Mas e amanhã, quando pensar em todos os motivos da sua partida?

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